O Estado intervinha
mais decididamente, com autoridade e com meios adequados, para construir e
manter eficientes os serviços públicos:
- REDE DE ESTRADA: serviço mais
deficiente, compreendendo 85 km, composta por ruas tortuosas e estreitas; os itiniera, acessíveis somente aos
pedestres; os actus, onde
passam um carro de cada vez; as viae,
onde dois carros podem cruzar-se ou ultrapassar-se.
Esta rede se torna insuficiente
para Roma que possuía um milhão de habitantes. Um edito de César, porém,
disciplina severamente o uso das ruas: estabelece que sejam limpas pelos
proprietários das casas circunstantes, e proíbe a circulação dos carros desde a
alvorada até o pôr-do-sol, salvo os dos empresários da construção. Assim os
carros devem mover-se à noite, enchendo a cidade de ruídos.
- ESGOTOS: iniciados no século
VI a.C., foram continuamente ampliados e aumentados. Destinam-se a recolher as
águas da chuva, a água em excesso dos aquedutos, as descargas dos edifícios
públicos; muitos outros edifícios, por serem mais afastados dos esgotos,
descarregam seus refugos nos poços negros ou nas lixeiras abertas.
Os treze aquedutos trazem a
Roma, dos montes vizinhos, mais de um bilhão de metros cúbicos de água por dia.
Sob a República, a água é reservada para os usos públicos, e somente o
excedente das fontes pode ser cedido aos particulares. No Império, alguns
proprietários podem obter como concessão um determinado fluxo de água para
consumo próprio; todo o resto serve para alimentas as instalações públicas A
abundância e a grandiosidade dos serviços higiênicos públicos compensa a falta
de serviços privados na maior parte das casas.
O Estado forneceu também outros
tipos de serviços públicos para os cidadãos romanos, como víveres e distrações.
Cerca de 150.000 pessoas são alimentadas às expensas públicas, e nos numerosos
dias festivos toda a população é admitida gratuitamente a todo tipo de
espetáculos.
Os abastecimentos chegavam por
mar até a foz Tibre, onde foi construído uma cidade portuária, Óstia; daí são
transportados em navios menores até Roma, onde existia um grandioso sistema de
desembarcadouros e de depósitos.
Para os espetáculos construíram se os circos (Circo Máximo, capacidade de 250 mil pessoas); os
teatros (os de Balbo, de Marcelo e se Pompeu, capacidade entre 10 mil e 25 mil
pessoas); os anfiteatros para os jogos dos gladiadores (o Coliseu, com 50 mil
lugares para sentar, e o anfiteatro Castrense); as naumáquias para os combates
navais (as de Augusto e de Trajano, ora desaparecidas, na margem direita do Tibre).
Estes grandes edifícios
demonstraram à disposição da autoridade pública: dinheiro, materiais e
mão-de-obra servil trazida de todos os pontos do império. A hegemonia política
da cidade traz a Roma uma concentração cada vez maior de homens, e fornece os
instrumentos para fazê-la funcionar.
Esta concentração produz uma série de problemas e todos os recursos
técnicos são solicitados ao máximo para resolvê-los. Mas a tecnologia antiga
não acompanha o progresso contínuo da moderna, chegando-se a um limite: a
cidade se detém a um certo tamanho e a um certo grau de organização.
O esforço tecnológico para
funcionar, dependia, unicamente, da estabilidade política do império, e falta
quando este entra em crise. A
interrupção dos abastecimentos navais obriga grande parte da população a voltar
para os campos; o desmoronamento dos aquedutos torna inabitável toda a zona
montanhosa da cidade (o núcleo primitivo), e os habitantes passam a
concentrar-se nas planícies situadas nos dois lados do Tibre onde podem retirar
água do rio ou dos poços.
Começa assim a transformação da
cidade antiga em cidade moderna. Roma moderna começa a viver como uma cidade de
fortuna nas zonas livres da capital antiga, entre as ruínas dos grandes
edifícios públicos que ainda emergem entre as casas. O centro monumental antigo
fica a margem da nova cidade, por se encontrar no coração da zona colinosa
habitada no início. As grandes termas que serviam os bairros mais populosos e
também as grandes basílicas cristãs ficam distanciadas da cidade, numa paisagem
desabitada.
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