segunda-feira, 18 de março de 2013

ROMA: A CIDADE E O IMPÉRIO MUNDIAL - Intervenção do Estado


O Estado intervinha mais decididamente, com autoridade e com meios adequados, para construir e manter eficientes os serviços públicos:
                - REDE DE ESTRADA: serviço mais deficiente, compreendendo 85 km, composta por ruas tortuosas e estreitas; os itiniera, acessíveis somente aos pedestres; os actus, onde passam um carro de cada vez; as viae, onde dois carros podem cruzar-se ou ultrapassar-se.
                Esta rede se torna insuficiente para Roma que possuía um milhão de habitantes. Um edito de César, porém, disciplina severamente o uso das ruas: estabelece que sejam limpas pelos proprietários das casas circunstantes, e proíbe a circulação dos carros desde a alvorada até o pôr-do-sol, salvo os dos empresários da construção. Assim os carros devem mover-se à noite, enchendo a cidade de ruídos.
                - ESGOTOS: iniciados no século VI a.C., foram continuamente ampliados e aumentados. Destinam-se a recolher as águas da chuva, a água em excesso dos aquedutos, as descargas dos edifícios públicos; muitos outros edifícios, por serem mais afastados dos esgotos, descarregam seus refugos nos poços negros ou nas lixeiras abertas.
                Os treze aquedutos trazem a Roma, dos montes vizinhos, mais de um bilhão de metros cúbicos de água por dia. Sob a República, a água é reservada para os usos públicos, e somente o excedente das fontes pode ser cedido aos particulares. No Império, alguns proprietários podem obter como concessão um determinado fluxo de água para consumo próprio; todo o resto serve para alimentas as instalações públicas  A abundância e a grandiosidade dos serviços higiênicos públicos compensa a falta de serviços privados na maior parte das casas.

                O Estado forneceu também outros tipos de serviços públicos para os cidadãos romanos, como víveres e distrações. Cerca de 150.000 pessoas são alimentadas às expensas públicas, e nos numerosos dias festivos toda a população é admitida gratuitamente a todo tipo de espetáculos.
                Os abastecimentos chegavam por mar até a foz Tibre, onde foi construído uma cidade portuária, Óstia; daí são transportados em navios menores até Roma, onde existia um grandioso sistema de desembarcadouros e de depósitos.
                Para os espetáculos construíram se os circos (Circo Máximo, capacidade de 250 mil pessoas); os teatros (os de Balbo, de Marcelo e se Pompeu, capacidade entre 10 mil e 25 mil pessoas); os anfiteatros para os jogos dos gladiadores (o Coliseu, com 50 mil lugares para sentar, e o anfiteatro Castrense); as naumáquias para os combates navais (as de Augusto e de Trajano, ora desaparecidas, na margem direita do Tibre).

                Estes grandes edifícios demonstraram à disposição da autoridade pública: dinheiro, materiais e mão-de-obra servil trazida de todos os pontos do império. A hegemonia política da cidade traz a Roma uma concentração cada vez maior de homens, e fornece os instrumentos para fazê-la funcionar.  Esta concentração produz uma série de problemas e todos os recursos técnicos são solicitados ao máximo para resolvê-los. Mas a tecnologia antiga não acompanha o progresso contínuo da moderna, chegando-se a um limite: a cidade se detém a um certo tamanho e a um certo grau de organização.
                O esforço tecnológico para funcionar, dependia, unicamente, da estabilidade política do império, e falta quando este entra em crise.  A interrupção dos abastecimentos navais obriga grande parte da população a voltar para os campos; o desmoronamento dos aquedutos torna inabitável toda a zona montanhosa da cidade (o núcleo primitivo), e os habitantes passam a concentrar-se nas planícies situadas nos dois lados do Tibre onde podem retirar água do rio ou dos poços.

                Começa assim a transformação da cidade antiga em cidade moderna. Roma moderna começa a viver como uma cidade de fortuna nas zonas livres da capital antiga, entre as ruínas dos grandes edifícios públicos que ainda emergem entre as casas. O centro monumental antigo fica a margem da nova cidade, por se encontrar no coração da zona colinosa habitada no início. As grandes termas que serviam os bairros mais populosos e também as grandes basílicas cristãs ficam distanciadas da cidade, numa paisagem desabitada.  

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