domingo, 21 de abril de 2013

As capelas e conventos

Convento feito por Heloísa 

Nessas fotos que retratam as capelas no século 11 evidenciam a grande influencia que a Europa da Alta Idade Média teve do Estilo Romântico. Embora as fotos não nos tragam muitos detalhes, podemos claramente perceber influencias deste modelo arquitetônico, como os usos dos arcos ( que na verdade tem grande influencia da arte romana), as paredes grosas e com poucas janelas dando assim ao ambiente um caráter fechado. 


Capela onde Abelardo e Heloísa casaram

Outra visão da capela construída por Heloísa e Abelardo
As igrejas e conventos costumavam tentar passar essa ideia de construções fechadas e pesadas pois as mesmas deviam ser resistentes e fortes para impedirem a entrada das “forças do mal”.


Primeiro Convento que Heloísa viveu

Fundos do Convento onde Heloísa viveu


A Catedral de Notre Dame


 A construção da Catedral de Notre-Dame de Paris é retratada no filme como um dos pontos convergentes de interesse da classe social dominante, isto é, o clero. Aberlad, apesar de apregoar as Escrituras aos jovens de Paris de maneira fora dos padrões religiosos da época atrai grandes multidões e por isso arrecada grandes quantias de dinheiro para a construção da Catedral, então, seu modo “inapropriado” de pregar os ensinamentos religiosos é tolerado em detrimento dos interesses do clero parisiense.

A seguir algumas fotos da Catedral ao longo do filme, mostrando o desenvolvimento da sua construção:





Análise Arquitetônica dos Cenários do Filme

Dentre as características arquitetônicas presentes nas edificações, pode-se identificar características "Românicas", ou seja, possuem estruturas abobadadas, paredes de alvenaria, típicas de construções do final do séc. XI e XII na Europa. 


A utilização das abóbadas era frequente, no convento, na residência do tio de Heloísa  e em várias edificações. 



A unidade estrutural era composta pelas aduelas, uma série de blocos de pedra em forma de cunhas. 
O arco e a abóbada são os elementos mais importantes do sistema construtivo dessa arquitetura. 


O arco aumenta as larguras das passagens entre as colunas, e as abóbadas supriam a deficiência originária das dificuldades de serem cobertas grandes áreas de reuniões e práticas rituais. Eram utilizados diversos materiais em determinados lugares, sendo a pedra a preferência da época.




O local de reunião no convento também possuía a abóbada de berço, fazendo com que as paredes fossem de grande espessura, com colunas baixas, resultando numa iluminação precária, o que tornava uma edificação escura.

Há também em diversos ambientes mostrados no filme paredes com pinturas que remetem a cenas religiosas.



quinta-feira, 18 de abril de 2013

Breve Resumo do filme Em Nome de Deus


Em Nome de Deus foi lançado em 1988, tem direção de Cliver Donner, é um filme que atende aos gêneros: drama, romance e histórico. A seguir um breve resumo de um filme bastante polêmico e interessante.


O filme se passa na França no século 18, um romance histórico baseado em fatos reais mostra a Igreja Católica numa época em que os dogmas eram a base para a cristandade. Pedro Abelardo (1079-1142) um Teólogo e professor de Filosofia, conhecido por suas teorias polemicas que, chegou ser acusado de praticar heresia e é nesse momento que Abelardo é convidado para dar aulas na escola de Notre-Dame. A primeira universidade livre da França é quando conhece Heloisa, (1100-1164) uma nobre garota por quem ele vive um amor proibido pela igreja porque Abelardo é um Teólogo e tem seus votos com o celibato e mais tarde pelo tio de Heloisa, o cônego Fulbert, um nobre que detem a guarda de Heloisa e quer que ela se case com outro nobre dono de vários castelos em toda a França.
A força do amor entre os dois coloca em choque os dogmas da Igreja, uma vez que um Teólogo jamais pode se envolver com uma dama e ao se apaixonar perdidamente um pelo outro eles se tornam “humanos” (com sentimentos e prazeres) e deixam o amor falar mais alto. Heloísa engravida de Pedro, rompendo com os paradigmas da Igreja na Idade Média.
Mas nem por isso a igreja os deixou em paz, quando Heloísa foi para Pallet no interior da França para esconder uma gravidez ficando aos cuidados da irmã de Abelardo. Depois eles se casam às escuras e antes mesmo de consumarem seu casamento, Abelardo é pego e castrado a mando do tio de Heloísa.  Os dois ficam sem se falar e trocam suas juras de amor através de cartas. Ela vai para o convento de Santa Maria em Argenteul e ele constrói um mosteiro ao lado do convento, mas mesmo assim só se falam por cartas.
Fica claro que os dois acabaram por atender os anseios da Igreja e terminaram suas vidas trabalhando em prol de uma Igreja mais madura e consciente dos atos humanos. 

“Abelardo morre aos 63 anos em 1142 e Heloísa ergueu um grande sepulcro em sua homenagem, e faleceu algum tempo depois, sendo, por iniciativa de suas alunas, sepultada ao lado de Abelardo.”
 E se falam ainda que, “ao abrirem à sepultura de Abelardo, para ali depositarem Heloísa, encontraram seu corpo ainda intacto e de braços abertos, como se estivesse aguardando a chegada de Heloísa”. 

obs.: o resumo é uma abreviação de um texto feito sobre o filme pelo autor PS Arantes.

terça-feira, 19 de março de 2013

Roma : As Novas Cidades

Exemplo de cidades traçadas com os dois eixos
A cidade romana em tabuleiro de xadrez, notratado de Vitrúvio
Podemos observar que no projeto da Centuriatio é feito a referência de dois eixos principais, o decumanos maximus e o cardo maximus, que tem comprimento maior e se cruzam num ponto, considerado o centro ideal da colônia. Textos antigos revelam que o ideal era que as estradas rurais que saem das portas das cidades dão continuidade às urbanas. O que também segue esse desenho são os campos militares, sendo muitos deles transformados em cidades permanentes. Outras colônias e cidades são de origem civil, e algumas foram fundadas antes que os romanos estabelecessem as regras para a disposição dos acampamentos. Os romanos passam a usar de um prosseguimento, simplificado e padronizado, isto é, seguindo o método geral da Centuriatio, possuindo um desenho mais regular.

Na cultura clássica as diferenças em relação a quantidade mostra qualidade, sendo notável nas diferenças de escala entre a grade das cidades e a grade territorial. E alguns casos, a cidade e o loteamento dos campos são feitos ao mesmo tempo, e os eixos das estradas coincidem entre si. Em outros casos, são feitos em diferentes tempos, sendo as grades dispostas de forma diferente também.

Treves, uma das capitais do final do Império
É fato que, a grade da cidade e mais elástica e mais variável do que a territorial, pois os edifícios tem o poder de modelar quadras com suas dimensões (variando de 70x70m e 150x150m), ou podem ser interrompidas por ruas curvas, com o fim de ligar-se a pontes construídas em pontos obrigatórios, como também ser substituído ou modificado alguns quarteirões centrais para suprir outros edifícios públicos. Os muros definiam e envolviam esses quarteirões, formando os perímetros da cidade, e em posição periférica se encontrava o anfiteatro.



As cidades criadas pelos romanos tinham medidas variáveis. Na Itália, a cidade maior depois de Roma é Cápua, e segue algumas cidades novas com suas dimensões:




As cidades fundadas, consideradas ex novos. pelos romanos são de grande número, e continuaram a funcionar e a servir como base fortificadora ou de agrupamento de população, mesmo depois da queda do império. Algumas cidades hoje consideradas as mais importantes da Europa surgiram no lugar de cidades romanas e que em seu interior ainda se vê as marcas da grade dos decumani e dos cardi.

Roma perde o carácter de capital única, a partir do final do século III d. C, pois no séc. IV, Constantino transfere a capital do império para Bizâncio, que se torna Constantinopla. Nesse período, Teodósio divide o império em ocidental e oriental, tendo as capitais Ravena e Constantinopla, onde essas duas cidades mantem de maneira duradoura a sucessão de capital de Roma, e são as ultimas grandes criações urbanas da Antiguidade.



A cidade que se destacou, pelo fato de Augusto mandar construir próximo a mesma um porto militar de Classe que passa a ligar-se ao mundo mediterrânico, foi Ravena. E foi justamente por isso que Honório a escolhe para a nova capital do Império do ocidente, que nesse período alcança seu desenvolvimento máximo.

Situação atual de Ravena
Neste período, a imponência dos palácios imperiais e reais dão lugar as igrejas, que formam o grupo de maior importância monumental no final da Antiguidade na Itália, tendo os seus exteriores simples, porém seu interior repleto de decorações esplendidas de mármore e com mosaicos (acabamentos planos e coloridos transformando as edificações). Ravena se torna uma tranquila cidade de província, notável somente pelas memórias de sua história gloriosa, e o hoje é vista como um centro industrial em desenvolvimento, onde os estabelecimentos de comércio invadem os antigos patrimônios e circundam os frágeis monumentos do passado.

Muralhas de Bizâncio
Já Bizâncio é uma das cidades colonias gregas mais importantes e mais ricas, favorecida principalmente pela sua posição geográfica. Constantino a transforma e divide-a em 14 regiões, assim como Roma, onde sua dimensão foi consideravelmente aumentada, sendo construídos novos muros em sua volta. No período de Teodósio esse perímetro é ainda mais aumentado, alcançando assim, tanto uma extensa dimensão, como também uma extensa população. Esse limite definido por Teodósio foi definitivo até os tempos modernos, mas as mudanças internas continuaram.

Mapa de Constantinopla (rebatizada de Istambul pelos turcos)
Uma dessas mudanças foi a construção da grande igreja imperial de Santa Sofia, alcançando um novo equilíbrio com o seu sistema de cobertas em arcos e os acabamentos com materiais preciosos, dai começa o novo ciclo da arquitetura bizantina, árabe e persa. Foi ao redor desses monumentos que a cidade cresceu, seguindo a mesma densidade e a mesma desordem de Roma. Leis foram criadas para a melhoria dessa disposição, como determinar uma largura para as ruas e poucas estradas ramificadas em Y.

Igreja de São Vital 

Igreja de Santa Sofia 

Igreja de Santa Sofia

Constantinopla continua sendo a capital do império até o séc. XV. Diante de uma metrópole destacando-se como a mais importante e mais rica do que qualquer outra na Europa, os turcos conquistam-na e, a partir dai, se torna sua capital, chamada de Istambul, que hoje é considerada uma das cidades mais importantes do mundo oriental.
Localização de Istambul

Bela vista de Istambul

segunda-feira, 18 de março de 2013

ROMA: A CIDADE E O IMPÉRIO MUNDIAL - Algumas Construções


As Estradas e as Pontes Romanas

A construção das estradas foi ocorrendo de acordo com as conquistas romanas, com o intuito de facilitar a movimentação dos exércitos, o trafego comercial e a comunicação administrativa entre as províncias.
As estradas são feitas em um calçamento feito de pedra batida, saibro fino e pedras chatas poligonais. Sua largura era de aproximadamente 5 metros, o suficiente para garantir a passagem dos pedestres e dos veículos.  Nos locais onde não havia obstáculos naturais às estradas eram feitas retilíneas e muitas vezes bem longas, por exemplo, a Via Ápia que tinha 60 quilômetros. Já em locais com relevo, eram cortadas as rochas para deixar a estrada o mais plana possível ou escavavam para formar galerias.
Por existir diversos cursos de água na região, era necessária a construção de pontes feitas de pedra ou madeira. Sua largura era de no máximo 8 metros. Até hoje ainda existem muitas dessas pontes sendo utilizadas como a Ponte Mílvio, Pontes Hélio, Ponte de Pedra em Verona, entre outras.
Nas estradas havia um serviço de correio com estações para troca de cavalos e para pernoites. Esse serviço conhecido como cursus era utilizado por funcionários públicos que o utilizava para entrega de mercadorias. Os particulares tinham seus serviços postais também feitos nas estradas só que a parte.

Ponte de Mílvio em Roma


Ponte de Pedra em Verona

Ponte de Trajano em Chaves

Os Aquedutos Romanos

Os aquedutos semelhantes às estradas são serviços públicos, sendo construídos pelo Estado com prioridade para o uso coletivo e, secundariamente, para o uso individual. Era utilizado nele água de nascente ou fluvial filtrada, canalizada num specus (ductos retangulares) coberto, mas de fácil inspeção com declividade constante.  Semelhante aos gregos, os romanos conhecem bem o sifão e os aplicavam quando necessário, porém eles preferem quando a água chegava às cidades a pressão reduzida, assim eles elevavam os aquedutos sobre uma ou mais arcadas quando esses passavam por vales.
No percurso e no fim dos aquedutos havia os reservatórios de decantação onde ficavam as impurezas da água, seguido dos tanques de distribuição onde à água é medida passando por tubos de chumbo com cerca de 3 metros.
Algumas pontes apresentam verdadeiras obras de artes em suas arcadas dos aquedutos e com o tempo foi visto que isso ocorria não pela necessidade da técnica, mas para fazer dessas obras monumentais. Na Idade Média, quando esse tipo de construção não é feita, a população as chamava de “pontes do diabo” e as consideravam obras com poder sobrenatural devido ao fato de elas serem impressionantes. 

Aquedutos de Tarragona - Filipinas



Aquedutos de Nimes - França


Aquedutos de Segovia - Espanha

As Linhas Fortificadas

Nas extremidades do império, onde os romanos decidiram não mais estender suas fronteiras, foram construídas limites com benfeitorias espalhadas por uma faixa relativamente grande. Seu elemento principal é uma estrada, abertas em matagais e elevadas em pantanais, para permitir assim a passagem do exército. A fronteira apresenta escavações artificiais, os fossatum, com um muro continuo de madeira, terra e/ou pedra, o vallum. Há instalações militares como acampamentos, presídios pequenos e bases fortificadas, protegendo o império de invasores.
Os principais limites são os das fronteiras ao norte: O limes germânico construído depois do Reno e Danúbio com 500 quilômetros e o limes de Adriano entre a Inglaterra e a Escócia com 120 quilômetros. Eles são considerados complementos artificiais das fronteiras feitas pelos mares Reno e Danúbio.

Limes Germania - Nove mil soldados vigiavam a muralha de 4,5 metros de altura, entre romanos e escoceses. Os legionários, porém, não tinham muito medo do inimigo: eles zombavam dos bárbaros além do Limes, chamando-os de brittunculi ou pequenos britânicos

Limes de Adriano - Ainda hoje os 120 quilômetros de Hadrianswall, cortam a Grã-Bretanha. Durante 300 anos, suas pedras marcaram as fronteiras setentrionais do Império Romano - um baluarte contra guerreiros da Escócia

Para saber mais sobre o assunto historicamente veja o texto A Cortina de Ferro da Antiguidade: http://revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/6/quando-uma-fenda-atravessa-a-europa-ha-exatos-2-153853-1.asp

A Colonização dos Terrenos Agrícolas

Os traçados das estradas romanas serviam como referência para a divisão dos terrenos cultiváveis, a centuriato, utilizadas pelos colonos ou pelos estrangeiros enviados aos territórios conquistados.
Os terrenos cultiváveis estavam demarcados por estradas secundarias paralelas a dimensão maior do terreno ou a estrada principal, os decumani e por outras perpendiculares a estas sendo mais curtas, os cardines . As estradas secundárias além de delimitarem essas áreas acabam auxiliando na penetração do sistema agrário, econômico e administrativo romano. Os lotes tinham cerca de 50 hectares, podendo pertencer a 1, 2, 4 ou a muitos proprietários, por exemplo, na colônia de Terracina que tinha 100 proprietários.
Essa divisão era feita por técnicos especiais, os agrimensoris. A orientação dos decumani e dos cardines é inclinada para aproveitar a forma do terreno o máximo possível. Após a divisão, o terreno era preparado e colocava-se uma planta de bronze no local e outra era enviada para Roma.
As centuriatos romanas, mesmo após o desaparecimento do sistema agrário antigo, continuaram legíveis em muitas zonas do império como Emilia, Vêneto, Florença, Planície de Cápua, na Tunísia e na França Meridional; utilizando os mesmos limites, as mesmas estradas e os mesmo canais.

Centuriato de Emília




Roma Moderna


Roma Moderna

Roma foi se transformando desde a Alta Idade Média até 1870, onde foi enriquecida de novos e esplêndidos edifícios, e o que a torna com um caráter fascinante é o constante diálogo e a relação que tem a cidade viva e a lembrança da cidade morta.
De acordo com alguns letrados antigos, e passados de gerações, que defendiam o mito da Cidade Eterna não é confirmado pela realidade, pois a Roma moderna, de fato, não podia tornar-se a continuação de Roma Clássica. A imagem que Roma fica deve ser reconstruída hoje com a reflexão, a cidade das ruínas foi invadida e desfigurada pelo enorme desenvolvimento da cidade contemporânea. Podemos observar somente os bairros construídos nos últimos cem anos, não tem qualquer relação com a continuidade da história urbana. É válido notar que as ruínas da cidade antiga ainda estão num deserto, habitado, porém por três milhões de pessoas, cheio de automóveis e de edifícios de dez andares.
O centro de Roma antiga é hoje uma zona arqueológica escavada e cercada, que abre no centro da cidade uma pausa repousante. Os outros principais monumentos antigos são incorporados à cidade ou formam outros pequenos recintos arqueológicos, como os templos, os castelos, os teatros, entre outros.
O funcionamento desse império chama muita atenção em relação a aplicação regular e uniforme em larguíssima escala, como também, em relação as novidades das técnicas, onde seus métodos construtivos foram influenciados pela Itália Meridional. Os romanos selecionaram estes métodos, e criaram a organização a fim de difundi-los por toda a área do império.

Roma Moderna

ROMA: A CIDADE E O IMPÉRIO MUNDIAL - Intervenção do Estado


O Estado intervinha mais decididamente, com autoridade e com meios adequados, para construir e manter eficientes os serviços públicos:
                - REDE DE ESTRADA: serviço mais deficiente, compreendendo 85 km, composta por ruas tortuosas e estreitas; os itiniera, acessíveis somente aos pedestres; os actus, onde passam um carro de cada vez; as viae, onde dois carros podem cruzar-se ou ultrapassar-se.
                Esta rede se torna insuficiente para Roma que possuía um milhão de habitantes. Um edito de César, porém, disciplina severamente o uso das ruas: estabelece que sejam limpas pelos proprietários das casas circunstantes, e proíbe a circulação dos carros desde a alvorada até o pôr-do-sol, salvo os dos empresários da construção. Assim os carros devem mover-se à noite, enchendo a cidade de ruídos.
                - ESGOTOS: iniciados no século VI a.C., foram continuamente ampliados e aumentados. Destinam-se a recolher as águas da chuva, a água em excesso dos aquedutos, as descargas dos edifícios públicos; muitos outros edifícios, por serem mais afastados dos esgotos, descarregam seus refugos nos poços negros ou nas lixeiras abertas.
                Os treze aquedutos trazem a Roma, dos montes vizinhos, mais de um bilhão de metros cúbicos de água por dia. Sob a República, a água é reservada para os usos públicos, e somente o excedente das fontes pode ser cedido aos particulares. No Império, alguns proprietários podem obter como concessão um determinado fluxo de água para consumo próprio; todo o resto serve para alimentas as instalações públicas  A abundância e a grandiosidade dos serviços higiênicos públicos compensa a falta de serviços privados na maior parte das casas.

                O Estado forneceu também outros tipos de serviços públicos para os cidadãos romanos, como víveres e distrações. Cerca de 150.000 pessoas são alimentadas às expensas públicas, e nos numerosos dias festivos toda a população é admitida gratuitamente a todo tipo de espetáculos.
                Os abastecimentos chegavam por mar até a foz Tibre, onde foi construído uma cidade portuária, Óstia; daí são transportados em navios menores até Roma, onde existia um grandioso sistema de desembarcadouros e de depósitos.
                Para os espetáculos construíram se os circos (Circo Máximo, capacidade de 250 mil pessoas); os teatros (os de Balbo, de Marcelo e se Pompeu, capacidade entre 10 mil e 25 mil pessoas); os anfiteatros para os jogos dos gladiadores (o Coliseu, com 50 mil lugares para sentar, e o anfiteatro Castrense); as naumáquias para os combates navais (as de Augusto e de Trajano, ora desaparecidas, na margem direita do Tibre).

                Estes grandes edifícios demonstraram à disposição da autoridade pública: dinheiro, materiais e mão-de-obra servil trazida de todos os pontos do império. A hegemonia política da cidade traz a Roma uma concentração cada vez maior de homens, e fornece os instrumentos para fazê-la funcionar.  Esta concentração produz uma série de problemas e todos os recursos técnicos são solicitados ao máximo para resolvê-los. Mas a tecnologia antiga não acompanha o progresso contínuo da moderna, chegando-se a um limite: a cidade se detém a um certo tamanho e a um certo grau de organização.
                O esforço tecnológico para funcionar, dependia, unicamente, da estabilidade política do império, e falta quando este entra em crise.  A interrupção dos abastecimentos navais obriga grande parte da população a voltar para os campos; o desmoronamento dos aquedutos torna inabitável toda a zona montanhosa da cidade (o núcleo primitivo), e os habitantes passam a concentrar-se nas planícies situadas nos dois lados do Tibre onde podem retirar água do rio ou dos poços.

                Começa assim a transformação da cidade antiga em cidade moderna. Roma moderna começa a viver como uma cidade de fortuna nas zonas livres da capital antiga, entre as ruínas dos grandes edifícios públicos que ainda emergem entre as casas. O centro monumental antigo fica a margem da nova cidade, por se encontrar no coração da zona colinosa habitada no início. As grandes termas que serviam os bairros mais populosos e também as grandes basílicas cristãs ficam distanciadas da cidade, numa paisagem desabitada.  

ROMA: A CIDADE E O IMPÉRIO MUNDIAL - Domus


A CASA ROMANA


1. Casas Primitivas
As casas romanas primitivas eram uma espécie de cabana redonda simples, com mecanismos de construção sedentários feitos pelos próprios habitantes, sendo passados por gerações. Com o passar dos séculos as casas foram se especificando de acordo com seu tipo, que segundo os dados fornecidos pelos Catálogos Regionais, são as Domus, que segue o modelo de casa grega com átrio e peristilo; e as Insulae, ou blocos de apartamentos, abundantes nas grandes cidades.
As Domus são as casas individuais típicas das cidades mediterrâneas, com um ou dois andares, fachadas na parte externa e abertas para os espaços internos, sendo todos os locais da casa agrupados ao redor do atrium e do peristilium. Uma característica marcante dessa tipologia é que são reservadas para as famílias mais ricas, que ocupam, por si só, um terreno precioso. 


2. Domus


As Insulae são construções coletivas de muitos andares e compreendem um grande número de cômodos iguais, que olham para o exterior com janelas e balcões; os andares térreos são destinados às lojas, que eram chamadas de Tabernae, ou para as habitações mais nobres, que também são chamadas de domus. Os andares superiores são divididos em apartamentos, chamados de Cenacula, de vários tamanhos para as classes médias e baixas. Essa tipologia nasceu ara hospedar dentro dos muros sérvios uma população crescente, e se tornaram cada vez mais altas, porém em determinado período Augusto estabelece um limite de gabarito de 21 metros (6 a 7 andares), e mais tarde, Trajano estabelece um gabarito de 18 metros (5 a 6 metros).
3. Domus


Em relação a parte superior dessas Insulaes, conhecida como Cenacula, podemos considerar alguns pontos negativos, como o fato de não ter água corrente (somente chega água nos locais do andar térreo); a falta de privacidade; não possuía aquecimento ou chaminés para proteger do frio ou até mesmo cozinhar; as janelas não possuíam vidraça, apenas uma cortina ou persiana de madeira. Apesar dessas limitações, os preços do aluguel era muito alto, a especulação dos terrenos e construções eram feitas de todas as maneiras, pois as casas eram construídas por empresários privados. O Estado apenas impõe proibições e regulamentos, mas não consegue corrigir as dificuldades da grande maioria dos cidadãos.

4. Distribuição dos mobiliários na casa Domus





5. Fachada da casa Domus


6. Entrada da casa Domus

ROMA: A CIDADE E O IMPÉRIO MUNDIAL - (parte 3/3)


            Os imperadores da dinastia Flaviana (VespasianoTito Flávio e Domiciano) continuaram a renovação iniciada por Nero. Vespasiano mandou demolir a Domus Aurea e na zona quase plana do parque, onde existia o lago artificial, começou a construir o Coliseu.  



           
            Após a administração dos Flávios, surgiu o primeiro imperador que não era natural de Roma: Trajano. Ele mandou planificar a depressão existente entre o Quirinal e o Capitólio que separava as duas zonas monumentais dos Foros e dos Campos de Marte(uma zona da Roma antiga que inicialmente era externa aos limites citadinos), e construiu nessa localidade o grande conjunto do Foro Trajano. 

  
Foro de Trajano - fonte: http://www.skyscraperlife.com/latin-bar/33548-arquitectura-romana-8.html
   

           Durante sua administração, o Império Romano atingiu sua maior extensão territorial graças àconquistas do leste.Foi um bom administrador, considerando por muitos o maior dos imperadores. Trajano também é notado pelos seus extensos programas de obras públicas e as políticas sociais. Nesse momento, enquanto o império atinge o apogeu de sua prosperidade, Roma alcança o desenvolvimento máximo, e uma organização física que parece coerente e definitiva.

Fonte: Benevolo, Leonardo (2005) – História da cidade, editado 
Planta de Roma imperial Fonte: Benevolo, Leonardo (2005) – História da cidade, editado


Com a contribuição de artistas do império, grandes edifícios públicos foram erguidos, com o equilíbrio entre as estruturas arquitetônicas e os acabamentos utilizados. Em alguns monumentos de celebração Ara Pacis de Augusto, os arcos do Triunfo, as colunas honorárias de Trajano...) os frisos esculpidos em relevo têm uma importância determinante, e contam uma história rica de significados. Os templos eram resultados da combinação de elementos gregos e etruscos: planta retangular, teto de duas águas, vestíbulo profundo com colunas  livres e uma escada na fachada dando acesso ao pódio ou à base.
  
Fonte: cdm.reed.edu

            Os imperadores seguintes enriquecem este quadro com outras intervenções, a exemplo da forma definitiva do Palácio Imperial pelos Severos. No século III, a atividade de edificação diminui, mas se constroem outras importantes obras públicas: os muros de Aureliano e a Basílica de Constantino, por exemplo.  

            Nestas últimas obras é rompido o equilíbrio clássico entre a forma geral da construção e os detalhes. As esculturas e pinturas se contrapõem à arquitetura, como peças de decoração independentes: a continuidade das formas plásticas fixadas pelos gregos se perdeu definitivamente.  
Fonte: Benevolo, Leonardo (2005) – História da cidade
           Depois de Constantino não se faz em Roma outras grandes obras públicas; os últimos imperadores publicam uma série de editos para conseguir a conservação dos monumentos existentes.