1. Quando nos propomos, como arquitetos, a
agir na sociedade percebemos que o espaço não se restringe apenas a suas
edificações. Ele é um conjunto de ações, sentimentos, vivências e códigos; onde
cada pessoa tem sua própria leitura e através dela percebe o ambiente da sua
forma.
Por isso é fundamental quando modificamos o
espaço através da arquitetura nos envolver e também levamos em consideração que
os condicionantes sociais, culturais, históricos e estruturais têm o poder de
influenciar, moldar, requalificar, ressignificar uma determinada obra, tornando
assim, singular para cada individuo, estimulando os seus sentimentos em relação
ao meio construído.
O arquiteto tem como um de seus objetivos
criar algo que desenvolva a imaginação de quem vive e se relaciona com o
espaço, através dos sentidos (visão, tato, olfato, audição e paladar) gerando
novas experiências que fundidas com as antigas tem o poder de dar conceitos
diversos a este espaço.
2. Nas cidades contemporâneas, os
corpos urbanos tendem a inserir-se em meio a tantos estímulos com um certo
distanciamento. Nesse sentido, a cidade adquire uma monotonia que não permite
aos praticantes ordinários observar intimamente o desenrolar das urbanidades,
das cores, dos cheiros, as formas, etc.Entretanto, CERTEAU (1994) no livro "A
invenção do cotidiano" apresenta um modo diferenciado de observar as
práticas urbanas, instiga os leitores a ver a "cidade de cima",
abandonar a condição de praticantes ordinários urbanos sobre os elementos
citadinos.
A condição de observar a cidade de maneira
ampla, distante e analítica é chamada por Certau de "voyear". Desde a
idade das trevas, a cidade era representada nas pinturas da idade média ou
renascentistas em perspectiva, transformando o espectador medieval em olho
celeste.Os arquitetos, enquanto profissionais que
pensam nos espaços urbanos e sua relação com a sociedade deve abandonar a
condição de praticante ordinário, utopizar uma cidade com uma organização racional,
ao passo que planejar a cidade se equivale a pensar a própria pluralidade.
3. Um indivíduo por mais
conectado no presente, sempre deseja saber sobre suas raízes, seu passado e a
história do seu povo. Sendo esta a função dos monumentos, invocar esse passado,
que contribui para preservar a identidade de uma comunidade étnica ou
religiosa, nacional, tribal ou familiar. " O monumento assegura, acalma,
tranquiliza, conjurando o ser do tempo. Ele constitui uma garantia das origens
e dissipa a inquietação gerada pela incerteza dos começos." (Choay). Sendo
assim, os monumentos se tornam de grande importância, não só para quem edifica,
mas também para os destinatários das lembranças. Dialogar com os monumentos,
faz com que os indivíduos sintam prazer em dialogar com o passado, fazendo que
o mesmo sinta necessidade em respeitá-los em suas singularidades, não,
necessariamente, deixando de estar conectado com o presente.
4. Segundo Antonio Castelnou, Arquitetura Vernacular se caracteriza
por uma arquitetura sem arquitetos, pois
é principalmente feita pela população. Ela utiliza materiais e recursos do
próprio ambiente onde são feitas as construções, tendo assim um caráter
regional e utilizando técnicas tradicionais locais. Esse tipo de arquitetura
tem grande ligação com a cultura do povo que a faz, relacionando-se aos
costumes, as tradições e a sabedoria popular.
Já a Arquitetura Erudita por obedecer às normas e padrões das Escolas de
Belas Artes e Arquitetura; e contar com a participação de profissionais na sua
execução, acaba se contrapondo a Vernacular. Ela é considerada a Arquitetura
Oficial, por se destacar na história com suas obras grandiosas, singulares e
muitas vezes gigantescas.Ambas não se excluem, de acordo com
Castelnou, não há uma arquitetura pura, mas casos onde há um distanciamento tão
grande entre elas que uma acaba predominando sobre a outra, mas no fim elas
acabam se complementando.
Arquitetura Primitiva é classificada como um tipo de Arquitetura Vernacular derivada de pessoas consideradas simples e rudimentares como índios e selvagens. Onde os moradores da edificação as constroem. São exemplos:
Iglu - habitação polar em forma de cúpula construída com blocos de neve) |
Tuareg - habitação dos árabes nômades em forma de tenda |
Teepee - habitação indígena em forma de tendas cônicas construídas com galhos e recoberta com pele de animais |
Dogon - habitação primitiva africana construída com taipa e palha |
Yurtes - habitação cilíndrica do povo mongol construída lã de carneiro e pêlo de camelo preso em correias de couro treliçado em madeira |
Palafitas - habitação lacustre sustentada por estacas
|
5. a) A temática abordada no texto das
Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, no blog oficina 2, contribui para a
disciplina de THAU porque mostra como as cidades nascem e se desenvolvem.
Também mostra os diferentes elementos que influenciam na formação da cidade:
política, cultura e religião; e como cada pessoa possui uma visão diferenciada
de um mesmo local.
b) Na apresentação destacou-se a análise
feita do texto, que não se limitou apenas ao que estava escrito, mas o que
estava nas entrelinhas.
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