sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Arquitetura e seus questionamentos

1. Quando nos propomos, como arquitetos, a agir na sociedade percebemos que o espaço não se restringe apenas a suas edificações. Ele é um conjunto de ações, sentimentos, vivências e códigos; onde cada pessoa tem sua própria leitura e através dela percebe o ambiente da sua forma.
Por isso é fundamental quando modificamos o espaço através da arquitetura nos envolver e também levamos em consideração que os condicionantes sociais, culturais, históricos e estruturais têm o poder de influenciar, moldar, requalificar, ressignificar uma determinada obra, tornando assim, singular para cada individuo, estimulando os seus sentimentos em relação ao meio construído.
O arquiteto tem como um de seus objetivos criar algo que desenvolva a imaginação de quem vive e se relaciona com o espaço, através dos sentidos (visão, tato, olfato, audição e paladar) gerando novas experiências que fundidas com as antigas tem o poder de dar conceitos diversos a este espaço. 



2. Nas cidades contemporâneas, os corpos urbanos tendem a inserir-se em meio a tantos estímulos com um certo distanciamento. Nesse sentido, a cidade adquire uma monotonia que não permite aos praticantes ordinários observar intimamente o desenrolar das urbanidades, das cores, dos cheiros, as formas, etc.Entretanto, CERTEAU (1994) no livro "A invenção do cotidiano" apresenta um modo diferenciado de observar as práticas urbanas, instiga os leitores a ver a "cidade de cima", abandonar a condição de praticantes ordinários urbanos sobre os elementos citadinos.
A condição de observar a cidade de maneira ampla, distante e analítica é chamada por Certau de "voyear". Desde a idade das trevas, a cidade era representada nas pinturas da idade média ou renascentistas em perspectiva, transformando o espectador medieval em olho celeste.Os arquitetos, enquanto profissionais que pensam nos espaços urbanos e sua relação com a sociedade deve abandonar a condição de praticante ordinário, utopizar uma cidade com uma organização racional, ao passo que planejar a cidade se equivale a pensar a própria pluralidade. 




3. Um indivíduo por mais conectado no presente, sempre deseja saber sobre suas raízes, seu passado e a história do seu povo. Sendo esta a função dos monumentos, invocar esse passado, que contribui para preservar a identidade de uma comunidade étnica ou religiosa, nacional, tribal ou familiar. " O monumento assegura, acalma, tranquiliza, conjurando o ser do tempo. Ele constitui uma garantia das origens e dissipa a inquietação gerada pela incerteza dos começos." (Choay). Sendo assim, os monumentos se tornam de grande importância, não só para quem edifica, mas também para os destinatários das lembranças. Dialogar com os monumentos, faz com que os indivíduos sintam prazer em dialogar com o passado, fazendo que o mesmo sinta necessidade em respeitá-los em suas singularidades, não, necessariamente, deixando de estar conectado com o presente. 



4. Segundo Antonio Castelnou, Arquitetura Vernacular se caracteriza por uma arquitetura sem arquitetos, pois é principalmente feita pela população. Ela utiliza materiais e recursos do próprio ambiente onde são feitas as construções, tendo assim um caráter regional e utilizando técnicas tradicionais locais. Esse tipo de arquitetura tem grande ligação com a cultura do povo que a faz, relacionando-se aos costumes, as tradições e a sabedoria popular.







Já a Arquitetura Erudita por obedecer às normas e padrões das Escolas de Belas Artes e Arquitetura; e contar com a participação de profissionais na sua execução, acaba se contrapondo a Vernacular. Ela é considerada a Arquitetura Oficial, por se destacar na história com suas obras grandiosas, singulares e muitas vezes gigantescas.Ambas não se excluem, de acordo com Castelnou, não há uma arquitetura pura, mas casos onde há um distanciamento tão grande entre elas que uma acaba predominando sobre a outra, mas no fim elas acabam se complementando.






Arquitetura Primitiva é classificada como um tipo de Arquitetura Vernacular derivada de pessoas consideradas simples e rudimentares como índios e selvagens. Onde os moradores da edificação as constroem. São exemplos: 



Iglu - habitação polar em forma de cúpula construída com blocos de neve)



Tuareg - habitação dos árabes nômades em forma de tenda


Teepee - habitação indígena em forma de tendas cônicas construídas com galhos e recoberta com pele de animais

Dogon - habitação primitiva africana construída com taipa e palha


Yurtes - habitação cilíndrica do povo mongol construída lã de carneiro e pêlo de camelo preso em correias de couro treliçado em madeira

Palafitas - habitação lacustre sustentada por estacas



5. a) A temática abordada no texto das Cidades Invisíveis, de Ítalo Calvino, no blog oficina 2, contribui para a disciplina de THAU porque mostra como as cidades nascem e se desenvolvem. Também mostra os diferentes elementos que influenciam na formação da cidade: política, cultura e religião; e como cada pessoa possui uma visão diferenciada de um mesmo local.
b) Na apresentação destacou-se a análise feita do texto, que não se limitou apenas ao que estava escrito, mas o que estava nas entrelinhas.

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